Genética
Mayana Zatz
Geneticista e diretora do Centro
de Estudos do Genoma Humano (USP)
E-mail: mayanazatz.ciencia@gmail.com
Veja.com Crime contra a mulher | |
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Obrigar uma mulher a manter uma gestação de um feto anencefálico, contra a sua vontade, é um crime. E o pior de tudo. Contra a mulher pobre, indefesa que não pode impor a sua vontade. Isso porque, como a interrupção da gestação nesses casos é permitida e apoiada em todos os países do primeiro mundo, qualquer pessoa pode ir a um hospital nos Estados Unidos, Europa ou Ásia e ser atendida se essa for a sua vontade. Basta ter recursos. Aliás, nem precisa ir tão longe. Desde 2003, a Argentina permite a interrupção da gestação de fetos com deformações irreversíveis e incuráveis. Um precedente importante na América Latina. Além disso, a maioria desses centros conta com uma equipe treinada para dar todo o suporte e amparo que a mulher necessita em um momento difícil como esse. A anencefalia é letal em todos os casos A gravidez é de alto risco Além disso, comumente eles têm ombros muito grandes o que torna o parto muito difícil." Podemos obrigar uma mulher a uma gravidez de risco, a um sofrimento físico e psicológico sabendo de antemão que ela não terá um bebê vivo? E ainda, podemos obrigá-la a passar por isso tudo contra a sua vontade? O exame pré-natal e o diagnóstico precoce Pergunto novamente: temos o direito de impor isso a uma mãe contra a sua vontade? Ninguém pode obrigar uma mulher nem a interromper, nem a manter uma gestação de um feto que nascerá morto. A decisão tem que ser dela. |