O grau de gravidade da obesidade é medido por um cálculo simples: o peso da pessoa em quilogramas (kg) dividido pela altura (em metros) elevada ao quadrado. É o índice de massa corporal (IMC) que classifica os obesos em graus I, II e III. Acima de 40 kg/m2 caracteriza-se a obesidade chamada de "mórbida" – com riscos maiores para doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doenças articulares e outros males. Na prática clínica de todos os dias julga-se que, quando a pessoa passa de IMC maior que 40 kg/m2 será difícil voltar ao peso considerado normal. Muitos dos obesos mórbidos parecem ter perdido aquele sistema automático de regulação da fome e do apetite, seguido de saciedade após a refeição. O hábito de comer compulsivamente, beliscar a toda hora, fazer refeições noturnas, assaltos a geladeira, passam a ser vícios difíceis de serem corrigidos e mesmo impossíveis de se eliminar com tratamentos clínicos e restrições nutricionais. A operação, popularmente conhecida como "redução do estômago" é uma opção eficaz nestes casos. No entanto existem restrições para que o obeso mórbido possa se candidatar à cirurgia. É imperativo que exista equilíbrio emocional e ausência de patologia psiquiátrica grave. Ainda é aconselhável que exames psicológicos sejam realizados para preparação da cirurgia. Por outro lado, obesos com menor IMC do que 40 kg/m2 podem se candidatar à cirurgia bariátrica desde que apresentem doenças associadas como diabetes, hipertensão, alterações cardíacas e outras moléstias que são consideradas conseqüências do excesso de peso. O número de cirurgias está aumentando Os pacientes obesos que dispõem de recursos ou que têm plano de seguro saúde poderão cobrir os custos do procedimento, mas o acesso ao ato cirúrgico pode demorar. A estimativa é que os 600 cirurgiões habilitados a realizar esta cirurgia no país estão operando 25.000 pacientes por ano. No entanto é preciso alertar para o fato de que outros tantos cirurgiões, sem treinamento adequado e sem a habilitação necessária -- sem o aval das Sociedades Médicas e Cirúrgicas --, estariam operando os obesos, com risco de complicações pós-operatórias muito sérias. A técnica cirúrgica é eficiente para perder peso Com estômago menor e o intestino reduzido existe a possibilidade de dificuldade de absorção de nutrientes importantes como o ferro, zinco e potássio. Além disso, algumas vitaminas lipo solúveis (que se dissolvem em gordura) como Vitamina A, D e K, podem faltar a prazo médio. Em pacientes obesos que têm moléstia da tireóide e tomam todos os dias o comprimido de tiroxina, é preciso reavaliar a dose diária deste medicamento, pois a tiroxina precisa ser bem dissolvida no estômago para subseqüentemente ser absorvida no intestino delgado. Complicações devidas à técnica cirúrgica podem ocorrer em 7% dos pacientes. Muitas equipes preferem realizar a operação bariátrica por sistema de vídeo no qual os instrumentos são introduzidos por tubos através de 3 a 5 orifícios no abdômen (vídeolaparoscopia). É mais segura, confortável, necessita de menor tempo de internação e tem menor riscos, desde que a equipe tenha excelente treinamento. O risco de voltar a engordar Somente com acompanhamento a longo prazo é que teremos melhor conhecimento porque, mesmo com o sucesso inicial pós-cirúrgico, estas pessoas não conseguem manter o peso adequado. Depressão endógena e compulsão alimentar são, sem dúvida, dois problemas da esfera psiquiátrica que levam o obeso a voltar a engordar. É imprescindível que, no período pós-cirúrgico, toda uma equipe de endocrinologistas, psicólogos, nutricionistas, auxiliem o paciente a se manter no peso ideal Geraldo Medeiros Veja.com - Segunda-feira, 01 de Setembro de 2008 |